“Quando você é criança, a noite é assustadora. Porque existem monstros escondidos debaixo da cama. Quando você cresce os monstros são diferentes. Desconfiança, solidão, arrependimento. E embora você seja mais velho e mais sábio você ainda se vê com medo do escuro.”
(Grey’s Anatomy)
Pov.Edward
Graças aos céus Bella conseguiu dormir, nunca vi a minha menina tão assustada, como a vi hoje. Nem quando era criança, na época do halloween que a família passava reunida em Forks. Emmett e eu nos vestíamos de zumbis e ela sempre quando nos via saia correndo pela casa gritando e apenas parava depois que estava agarrada as pernas de Renée.
Rir com aquela lembrança. Ela se remexeu um pouco e suspirou. Agarrei seu corpo para ficar o mais próximo possível do meu, fiquei afagando seus cabelos sentindo aquele cheiro inebriante dos seus cabelos.
Meus olhos começaram a ficar pesados, até que se fecharam de vez, apenas ouvia ao longe a respiração calma de minha sobrinha, o que me fez relaxar mais.
...
-MAS O QUE É ISSO AQUI?
Levantamos num pulo, estávamos assustados, abrir meus olhos tentando-me acostumar com a claridade que vinha da janela entreaberta, certamente à noite esquecemos-nos de fechá-la já que caímos na inconsciência.
Bella tinha os olhos arregalados tanto na minha direção como para Renée que estava parada na porta do quarto com um olhar acusador.
-EU QUERO UMA EXPLICAÇÃO PARA O QUE EU ACABEI DE PRESENCIAR.
Eu estava tentando recuperar-me do susto e Bella do mesmo jeito, parecia atordoada com aquela situação. Levantei da cama ajeitando as roupas amarrotadas do meu corpo, e Bella abaixava o short que subiu para suas coxas deixando-as totalmente a mostras.
-ISABELLA E EDWARD EU ESTOU ESPERANDO. -Renée estava completamente histérica, estava descontrolada, partiu para Bella segurando em seu braço, dava para perceber a força que ela fazia, pela cara de dor da minha menina.
-Renée solte a Bella, deixe de ser maldosa, não aconteceu nada, porra. -eu estava irado, como ela podia pensar numa merda dessas?!
Respirei fundo tentando me controlar para não ir até ela e fazer o mesmo que ela fazia com a minha menina. Afinal de contas não aconteceu nada mesmo entre nós e não tinha motivo para ela agir desse jeito.
-Mãe... Eu juro não aconteceu nada... E. -Bella tentava esquiva-se das garras de Renée, que a olhava com os olhos semicerrados.
-Renée, não aconteceu absolutamente nada, a Bella teve um pesadelo terrível...
-Ai você veio consolá-la?!
-Mãe eu fiquei assustada e pedi pro meu tio ficar comigo.
-Renée você esta me acusando de algo?Fale abertamente.
-Mas o que esta acontecendo aqui?! Que gritaria é essa?!-perguntou Charlie, olhando diretamente para mim, em seguida desviou o seu olhar para o pulso de Bella, que já deveria estar roxo. -solte-a Renée. -ordenou meu irmão, Bella andou a passos rápidos e abraçou a cintura do seu pai assim que se livrou das mãos de sua mãe.
-Sua esposa esta fazendo insinuações monstruosas sobre a Bella e eu.
Charlie a olhou horrorizado. Abraçou mais forte o corpo trêmulo e frágil da filha e esperou a resposta da esposa em silêncio.
-Charlie, quando eu abri a porta a Bella e o Edward estavam deitados... Abraçados. -colocou às mãos na boca nervosamente.
-Pai eu juro, que eu... E... O meu tio... Não fizemos nada. -O corpo de Bella convulsionava-se pelo choro.
Charlie beijou os cabelos bagunçados de Bella e olhou para mim.
Contei todo o ocorrido ao meu irmão que se manteve todo o tempo calmo e sereno, diferente do olhar atento de Renée. Mas logo em seguida se convenceu, nos pedido desculpas.
Sair do quarto e fui direto para o meu, já que o dia tinha amanhecido e eu nem havia me dado conta e fora que tinha aula no primeiro tempo. Quer dizer se eu não me apressar chegarei atrasado praticamente no meu primeiro dia de aula. Depois irei resolver o que vou fazer, não da pra continuar em um lugar onde as pessoas desconfiam de você, eu nunca faria nada para magoar a minha menina.
Quando voltasse da escola, procuraria um lugar para ficar, algo bom, aconchegante e que o meu salário de professor me permitisse pagar, não viveria com alguém que suspeita de mim.
-Edward?!-Charlie entrou no quarto se sentado na cadeira próximo a porta.
Virei-me para olhá-lo, não sabia o porquê, mas estava com vergonha daquela situação.
-Espero que você não tenha ficado ressentido com a Renée... Ela apenas se assustou com o que viu.
-Sem problemas Charlie, só o que me chateou foi a desconfiança que ela deposita em mim... E na filha também.
-Edward, mas foi apenas o susto por vê-los juntos, ela vai se desculpar com você.
-Tudo bem...
-E nem pense em sair daqui... Aqui é a sua casa também Edward.
Balancei a cabeça em confirmação, e voltei a minha atenção as roupas que eu colocava na cama, para vesti-las depois do banho.
-Vou deixá-lo, você já deve estar atrasado. -assenti.
Apesar de que o dia tinha amanhecido frio e cinzento em Montesano, tomei uma ducha fria assim mesmo para esfriar a cabeça, ao ver Renée tentando machucar a minha menina aquilo fazia o meu sangue ferver.
Troquei de roupas o mais rápido que pude, peguei minhas coisas e desci as escadas correndo, não queria dar motivos para falatórios na escola no meu primeiro dia.
-Edward vem tomar café. -Chamou Renée como se nada tivesse acontecido.
Estavam todos na mesa, inclusive Bella que me lançou um pequeno sorriso.
-Não obrigado, estou atrasado. -fui até a mesa e peguei uma maçã, parecia apetitosa aquilo seria o meu desjejum.
Sair da sala de jantar a passos largos.
-Edward, espero realmente que você me desculpe, não fiz por mal.-falou Renée e pelo tom da sua voz ela parecia realmente aborrecida com o que tinha acontecido logo cedo.
-Sem problemas Renée. -respondi tentando lança-lhe um breve sorriso sincero. -Mas realmente já estou atrasado.
Ela assentiu e eu fui em direção a porta.
-Tio não vai me esperar?!-A voz doce da minha menina ecoou pela casa.
-Bella... -já estava pronto para dizer que não poderia levá-la, não queria mais confusão para mim e principalmente para ela.
-Edward espere-a, Charlie está de folga então gostaríamos de ficarmos um pouco juntos. -disse Renée divertida. Olhou para o meu irmão dando uma piscadela o qual foi retribuído por ele. Rimos.
-Vai demorar muito Bella?!-perguntei diretamente para ela.
-Não... -tomou um gole do seu suco de laranja, pegou a mochila que estava na cadeira ao seu lado e saiu correndo ao meu encontro sorrindo.
Aquele sorriso um dia me mataria, era perfeita, na realidade ela é perfeita.
-Tio?!
-Oi.
-Vamos?!- só ai percebi que a contemplava.
Fiquei totalmente acanhado e se Renée ou Charlie percebessem meu olhar para a minha sobrinha?!
-Hum... Claro...
Entramos no carro. Na hora que ia dar a partida Bella deu um suspiro fundo e um gemido baixo.
-Está tudo bem?
-Humhum... -se retorceu um pouco no banco do meu lado.
-Certeza?
-Sim... Só um leve mal estar.
Há deve ser cólica e é normal, não é?! Todas as meninas têm, mas Bella ficou tão vermelha, que chegava a ser engraçado. Era constrangedor para uma menina tímida como ela.
-Então... Podemos ir?!
-Claro tio. -falou passando a língua nos lábios sei que foi sem intenção nenhuma, mas porra era sexy o jeito que ela fazia aquilo.
Dei partida no carro, pisei no acelerador, queria chegar logo na escola tanto por nos já estarmos atrasados, como também porque não queria ficar ali sozinho com ela por muito tempo.
Nesse primeiro horário Bella tinha aula comigo, então entramos na escola, mas cada um foi para o seu lado, ela foi direto para a sua sala e eu para a secretaria, pegar a lista de presença da turma.
Senti meu corpo enrijecer ao notar um garoto moreno e forte abraçado a cintura da minha menina, eles estavam com um grupinho de amigos, na porta da sala, pareciam se divertir.
-Cof, cof...-pigarreei alto, aproximando-me deles, todos do grupinho olharam para mim , Bella e o moreno continuaram abraçados.Será que ele é namorado dela?! Perguntarei no fim da aula.
Entramos na sala, mas não olhava diretamente para Bella, mas percebia o moreno ao seu lado quando a observava de esguelha.
Começamos a aula com o meu poeta e dramaturgo preferido William Shakespeare. Conversamos até onde o antigo professor tinha discorrido sobre ele. Onde o docente havia parado.
-Professor... Ele tinha nos dando a tarefa de ler e desenvolver uma resenha sobre a obra The Tempest.
-Obrigada Jéssica... Então quantos de vocês fizeram isso?-perguntei, o silêncio predominou na classe.
-Nós já estamos quase terminando, não é Bells?!-falou o menino dirigindo-se a Bella.
-Esse trabalho é em grupo ou em dupla?!-perguntei para a turma.
Aquele menino fazendo trabalho com a minha sobrinha, e sua mão boba que estava segurando as mãos da minha menina fazendo círculos imaginários. Isso não daria certo.
Alice respondeu-me.
-Sim em dupla, foi sorteio. -assenti.
-Entendo que foi o antigo professor e não eu quem pedi, mas vocês deveriam ter feito para me entregá-lo.
-Professor não é justo, foi o antigo professor quem pediu. -falou uma menina de cabelos pretos nos ombros, acho que seu nome era Lauren.
-Bom... Agora sou eu que estou pedido uma resenha sobre ‘’The Tempest’’ do Shakespeare para a nossa próxima aula, que será... -olhei na caderneta branca. -Depois de amanhã.
Comecei a discorrer sobre a última peça do extraordinário autor.
- A tempestade é uma história de vingança, amor, conspirações oportunistas, narra à história de um duque de Milão destronado, à procura de vingança contra o seu irmão, Próspero.
-Mas também é uma história de dor e reconciliação. -Falou Bella baixo, mas não tão baixo para que eu não pudesse ouvi-la. -"Somos da mesma substância que os sonhos."-Essa frase parecia que ela falava mais para ela mesma do que para os que estavam ali presentes.
...
O resto da aula foi tranquilo , quando tocou para o intervalo, simplesmente continuei puto com aquele garoto que estava agarrado a cintura da minha menina.
Por que a Bella deixa uma porra daquelas acontecer?! Esquece Edward!
-Que tal um suco no refeitório?-falou Victória aproximando-se de mim, até então aos meus olhos e minha mente apenas existia Isabella.
-Uh... Acho uma ótima idéia. -sorri e lhe estendi o braço.
A conversa fluiu agradavelmente com a Vic era sempre assim, falamos sobre nosso cotidiano, amenidades o que ajudou o tempo a passar e a minha mente parar de pensar nem que fosse por alguns minutos na minha sobrinha.
Victoria é uma mulher incrível.
Pov Bella
Graças aos céus, a semana depois daquele episodio ridículo de desconfiança da minha mãe, passou rápido.
Jacob e eu fizemos o trabalho sobre ‘’The Tempest’’, e tiramos a maior nota da classe, também simplesmente amávamos aquela obra, para mim ‘’The Tempest’’ era a melhor tragédia de Shakespeare, mesmo amando Macbeth e Romeu e Julieta que em minha opinião é mais um romance do que propriamente uma tragédia, afinal todas as formas de amor são válidas, nem que para isso precisemos morrer para gozar dela eternamente. Mesmo sob forte vigilância do meu tio que implicava com o Jacob quando ele ia para minha casa para fazermos o trabalho em dupla.
Mas era bom ele sentir o mesmo que eu sentia, a cada vez que ele saia à noite para jantar e jogar conversa fora com a Victória. Tenho certeza que meu tio sente ciúmes de mim do mesmo jeito que tenho dele, o que é normal. Não é?!
Daqui a uma semana entraremos de férias, só em pensar que não veria mais o Mike, me dava uma louca vontade de fazer uma festa para comemorar.
Ainda estava debaixo das cobertas, mas acordada com uma preguiça de levantar, ultimamente era assim quando não sentia um sono excessivo era o cansaço.
-Princesa?!-era a voz doce da dona Renée. Que foi logo entrando.
-Uh... -respondi me espreguiçando, quem sabe eu não criava coragem para levantar e ir até o banheiro, tomar um banho gelado para acorda-me por completo.
Minha mãe sentou-se ao meu lado na cama, depositei minha cabeça em suas pernas.
-Cadê a minha Bella heim?!O que você fez com ela?!-perguntou minha mãe divertida em quanto mexia nos meus cabelos.
-Por quê?! Continuo a mesma mãe...
-Não... Você esta diferente... Seu olhar, seu jeito... Meu Deus Bella você era a alma a alegria dessa casa e agora parece... Apenas uma sombra. -sua voz estava embargada, com certeza estava chorando, mas não tive coragem suficiente para levantar a cabeça para olhá-la.
Continuei quieta deixando a minha mãe por para fora tudo que estava sentido. Porque afinal ela tinha razão... Eu não era a mesma Bella de quase dois meses atrás.
-Por que você não conta a sua mãe, o que esta acontecendo em sua vida?! Bella sempre contamos tudo uma para a outra e...
Bella essa é a sua deixa de contar a sua mãe tudo o que aconteceu, você precisa de ajuda, o covarde do Mike não vai te fazer mal nenhum com os seus pais ao seu lado...conta, para de ser idiota, a culpa não foi sua...Minha mente gritava Conta...mas depois vinha na minha memória as palavras daquele maldito.
“Mantenha essa boquinha gostosa calada. Porque senão os papaizinhos queridos poderiam sofrer muito, com o desaparecimento de sua única filha.”
-Mãe não está acontecendo nada, fica tranqüila Dona Renée.
Em um átimo levantei-me, dei um beijo em sua testa e corri para o banheiro no final do corredor. Trombei em algo que fez meu corpo ser lançado para a parede e cair no assoalho fazendo um barulho enorme.
-Meu Deus Bella está bem?!-Levantei o olhar e lá estava meu tio Edward, os cabelos bagunçados e molhados, apenas de calça de moletom cinza e sem camisa. Tentando me levantar.
-Eu estou bem tio. -tentei sorrir, mas minhas costas estavam simplesmente me matando.
Ele me estendeu a mão, segurei e acabamos com nossos corpos sendo chocado um contra o outro. Seu peito contra os meus seios, sua respiração se chocando contra a minha. Eu estava na ponta dos pés no momento em que fui puxada.
Abaixei os pés os deixando tocar o chão por completo.
-Obrigada tio!
Beijou minha testa.
-Cuidado menina!
Saiu entrando no seu quarto deixando-me sozinha.
Meus sentimentos estavam tão confusos. Por que eu não olhava mais para o Edward como tio?!É... acho que estou ficando doente ou algo do tipo, por que qual a sobrinha que olharia para o seu tio, como eu olho?!
Nenhum homem me trata ou me olha como Edward. Mas só pode ser impressão minha. Claro, Isabella é impressão sua.
Assim que a minha mãe saiu do meu quarto entrei e peguei minhas coisas. Como o dia estava agradável escolhi um vestido florido e deixei sobre a cama, peguei minha toalha e corri para o banheiro, meus pais sairiam em breve, o Edward iria pegar um cinema com Victoria e o Jacob ligou-me pra convidar-me para tomar um sorvete. Eu estava até me animando mais para sair, até porque esses amigos que eu tenho... Não me deixam ficar para baixo.
Esqueci completamente que tinha marcado para sair com Alice iamos ao médico, já que ela estava sentido várias dores de cabeça.
Abri à ducha a água fria caia no meu corpo ainda morno, fiquei alguns minutos apenas deixando a água cair, sem querer pensar em nada.
Quando puxei a porta do Box, o pedaço de metal feriu minha mão.
-Droga, merda! –praguejei alto.
Enrolei a tolha sobre o corpo e corri para pegar uma caixinha de primeiros socorros, que ficava no armário debaixo da pia. Agachei-me e vasculhei até encontrar a caixinha branca, ao lado havia um pacotinho quadrado azul, o puxei, mas no mesmo momento o deixando cair.
Esqueci completamente a palma da minha mão que sangrava, pouco, mas sangrava.
Sentei no chão, e comecei a contar mentalmente, minha menstruação sempre atrasava. Isso era impossível, fora de cogitação. Foi a primeira e única vez, isso não iria acontecer. Não comigo.
-AI MEU DEUS...! -Deixei escapar um soluço alto demais. -Isso não é possível. -minhas mãos involuntariamente voaram para a minha barriga. -Não, não, não, não, não...
-Bella você esta bem meu anjo?!-perguntou meu tio preocupado.
Eu estava escutando suas batidas na porta insistentes, mas não conseguia responder e tampouco levantar-me. É se como uma bomba explodisse naquele momento em minha cabeça. Eu estava num estado de torpor imensurável. Eu precisava reagir, mas como?! Mas isso pode ser apenas coisa da minha cabeça, não pode?!
-Isabella Marie Cullen, seus pais saíram, Jacó já ligou umas 10 vezes, Alice está ai te esperando na sala e eu preciso sair. Estou a mais de 5 minutos batendo nessa porta, você tem duas opções ou você abre e eu me certifico que você esta bem ou eu vou arrombar a porta. -Edward estava alterado, e antes que ele derrubasse a porta eu levantei do chão e respirei fundo.
-Já estou indo. –joguei todas as coisas dentro do armário inclusive a caixinha azul. Ajeitei a toalha que tinha afrouxado no meu corpo e sair.
O rosto do meu tio assim que me viu, foi aliviando-se, sorri, mas a minha vontade naquele momento era apenas um, abraçá-lo e chorar, só que infelizmente eu não podia fazer isso.
-Você me preocupou menina. -falou inspecionando meu corpo, até enxergar a minha mão suja de sangue.
-Você pensou o que Edward?! Que havia me suicidado?!-apesar de que essa era a minha vontade pensei.
Ele segurou minha mão e voltamos para o banheiro. Delicadamente ele levou a minha mão cortada a água corrente, passou o sabão e por fim a água oxigenada.
-Uau... Isso dói. -puxei a minha mão que estava agarrada as suas. Ele olhou-me dando aquele sorriso avassalador, pegou a minha mão novamente e começou a assoprá-la.
-Calma manhosa, já vai passar. -depois que minha mão estava seca, ele beijou o local.
Por um único momento eu queria voltar a ser aquela menininha que após qualquer bronca ou tombo que levava corria para os braços do tio e lá ficava até tudo se acalmar, porque ali eu me sentia protegida.
Enquanto ele acarinhava minha mão machucada, deitei minha cabeça em seu ombro.
-Hum... Princesa. -beijou o topo da minha cabeça. -Acho que já esta bom.
-Está sim, obrigada Edward.
-De nada menina.
Ele saiu do banheiro, e seguiu em direção ao seu quarto.
-Edward?!-girou para olhar-me.
-Oi?!
-O nome dele é Jacob e não Jacó.
-Tanto faz Jacob ou Jacó é a mesma coisa. -piscou o olho e saiu. Rimos.
Corri para o meu quarto a preocupação sufocava-me, não estava conseguido respirar e raciocinar direito.
Então era por isso que a Alice resolveu levar-me ao médico com a desculpa que ela que não estava bem.
-ALICEEEE... -gritei do meu quarto enquanto vestia-me.
Já não podia conter as minhas lágrimas, elas caiam compulsivamente.
-Bellinha pode parar de gritar isso é feio. -ao olhar-me ela sentou-se na cama com as mãos nas pernas, sua feição alegre e o sorriso desapareceram e deram lugar a um olhar de piedade e afeição.
-Alice. -sentei ao seu lado.
-Você está assim, porque descobriu que...
Eu não conseguia falar, apenas chorava. O que eu faria agora se fosse verdade?!
-Bellinha olha não fica assim, eu estou aqui. -deu-me um sorriso fraco.
Muitas palavras não precisavam ser ditas entre Alice e eu, nos entendíamos por um olhar.
-Como?!Não pode ser... Como você pode saber disso?!-perguntei em meio aos soluços entre cortados.
-Eu estou desconfiada há dias Bella, você anda enjoada, vomitando e comendo a toda hora.
-Ai não Alice o que eu faço?!
-A primeira coisa é nos certificarmos que você esta realmente grávida... Bella eu trouxe exames de farmácia mesmo na bolsa para antes de irmos ao médico.
Escutamos leves batidas na porta.
-Tem alguém nua ai?!
-Pode entrar tio.
Continuei do mesmo jeito que estava de costas para a porta não queria ver a cara do meu tio assim que ele olhasse para a minha.
-Estou indo... qualquer coisa liga para o meu celular okay?!
-Humhum... -se eu abrisse a boca para falar, certamente ele perceberia algo diferente em minha voz.
Saiu batendo a porta, só ai me permitir jogar-me nos braços da minha amiga e chorar por tudo o que estava acontecendo na minha vida.
-Vem Bellinha. -levantou-se me puxando pela mão, levando-me em direção ao banheiro e levando sua bolsa.
Eu não conseguia esboçar nenhuma reação apenas a deixava guiar-me pelo corredor vazio.
-Bellinha você já fez xixi hoje?- assenti. –Era melhor o primeiro xixi da manhã, por que tem a maior concentração do hormônio, mas tudo bem... -Deu de ombros tirando quatro caixinhas da bolsa.
Ela falava com muito conhecimento, seria até cômico se não fosse trágico.
-O que?!-perguntou ao olhar-me, eu observava todos os seus movimentos. -Como sei disso?!Bellinha tenho uma mãe e uma tia médicas... Por favor... -rolou os olhos.
Eu continuava ali parada roendo as unhas de nervoso.
-Bem... Você vai fazer três testes e eu vou fazer apenas um para no certificarmos que o teste estará correto, afinal eu sou virgem. -falou com a sobrancelha esquerda arqueada.
-Bellinha faça xixi nesses três potinhos certo?!
Depois que urinei nos potinhos, deixamos em cima da bancada. Imediatamente Alice emergiu os três palitinhos em seus respectivos vasos.
-Agora é só esperar três minutinhos... Vou fazer o meu.
Assim que ela fez, deixou seu potinho um pouco afastado dos meus para não haver nenhum tipo de duvida e confusão depois.
Eu não conseguia discernir os meus sentimentos naquele momento, apenas rezava baixinho para isso ser apenas um sonho ruim... Um pesadelo.
Sentei ao lado do vaso sanitário, esperando pelos malditos minutos que mais pareciam horas, séculos.
-Três minutos Bellinha, pode ir olhar, um pontinho é negativo dois pontinhos positivos.
Meu corpo tremia tanto que nem conseguia levantar-me.
-Olha pra mim Lice.
Ela assentiu, pegando o primeiro que estava próximo ao espelho.
-O primeiro, levantou o palitinho olhando... Dois pontinhos.
-Meu Deus!-sussurrei.
Mas ainda havia dois pontinhos, eles poderiam dar negativos não é?!
-O segundo... Dois pontinhos.
Não falei nenhuma palavra, apenas continuei a rezar de olhos fechados. Afinal a esperança é a ultima que morrer. Não é?!
-Bellinha... Você esta grávida, o seu ultimo deu dois pontinhos e o meu nenhum como o esperado.
-MEU DEUS... POR QUÊ?! O QUE EU FIZ PARA MERECER UM CASTIGO DESSES?!-Praguejava alto.
Alice estendeu a mão para mim, para que pudesse levantar-me, mas eu a ignorei completamente.
-Castigo?!Pelo amor de Deus Bella é seu filho, uma vida. -falou sentando-se ao meu lado.
-Uma MALDITA vida que vai destruir a minha...
-Bella ele não tem culpa da mãe ser uma doida e não se prevenir agora agüente as conseqüências.
-Cala a boca Alice, você não sabe o que aconteceu.
-Claro que eu sei... Minha melhor amiga perdeu a virgindade e foi incapaz de me contar. Poxa Bella pensei que você tivesse mais consideração por mim...
Minha cabeça estava girando, meu estômago embrulhando, meu desespero só aumentava.
-CALA A BOCA ALICE.
Saiu do meu lado levantando-se do chão.
-Me desculpe... Só queria te ajudar...
Pegou a bolsa a pendurando em seu braço, ela já estava saindo do banheiro de cabeça baixa, ela estava sentida comigo, e com razão nunca escondemos nada uma da outra. Eu precisava contar para alguém, e ninguém melhor do que a minha amiga para isso.
-Eu... Fui estuprada.
Ela ficou parada na porta estática, acho que tentando assimilar o que eu havia lhe dito.
-Você o quê?-sua voz, estava embargada, voltou correndo para o meu lado. -Bellinha diz que eu ouvi mal e que...
Neguei com a cabeça, suas mãos juntaram-se as minhas.
-Eu fui... Violentada Alice.
-Oh meu Deus... -abraçou-me forte. -Por que você não me contou?Seus pais já sabem?Quem foi o miserável?-Alice chorava tanto quanto eu.
-Eu tive... Quer dizer eu tenho medo, ele falou que meus pais ficariam sem a filha deles, ele vai me matar se eu contar algo... E fora a vergonha que eu estou sentido.
-Vergonha de que Bellinha?Vergonha quem tem que ter é o safado que abusou de você. Quem foi o monstro que fez isso?
-Alice... Eu... Eu não quero...
-Isabella Marie... Desculpe-me por te chantagear, mas ou você me diz o nome desse ser desprezível ou então vou atrás da Renée e do Charlie e conto tudo.
-Você não seria capaz de fazer isso comigo.
Olhei para seu rosto e não havia sinal nenhum que ela estava brincando, a minha amiga estava transtornada tanto quanto eu.
-Alice...
-Bella esse monstro precisa ser punido... Meu Deus ainda por cima te engravidou.
-Por pouco tempo.
-Como assim pouco tempo?!
-Lice eu não quero esse... essa coisa.-apontei para meu abdômen.
-Você vai matar o seu filho?
-Meu filho. -ironizei.
-Bella essa criança é tão vitima quanto você.
-VOCÊ ACHA QUE EU A QUERO? VOCÊ ACHA QUE OS MEUS PAIS VÃO ACEITAR?ACORDA ALICE ESSA MONSTRUOSIDADE NÃO VAI NASCER.
-Calma Bellinha... Quem foi?
Eu tentava a qualquer custo me esquivar dessa pergunta da Alice, mas sabia que ela não deixaria para lá. Tinha medo por ela também, Alice e meio intempestiva poderia fazer alguma besteira.
-Anda Bella... Quem foi?
-Mike.
-Bella estou perguntando quem... OH MEU DEUS!
-Foi ele no dia da festa da Lauren...
Contei tudo o que ele havia feito comigo, do jeito em que cheguei em casa, dos meus dias de tormenta a cada vez que o via, a repulsa que sentia de mim, do meu corpo, e agora o maldito bebê.
Pela primeira vez, me permitir chorar nos braços de alguém que sabia o que estava acontecendo comigo, e o principal, que chorava as minhas dores ao meu lado.
Lagrimas silenciosas caiam copiosamente por nossos rostos. Até que Alice abraçou-me em um gesto que naquele momento para mim, foi a minha corda de salvação que me puxava do inferno que estava rondando minha vida.
-Tenho vontade de MATAR aquele filho da puta desgraçado. Bella nós temos que denunciá-lo, daqui a duas semanas aquele monstro vai embora... Você vai deixá-lo ficar sem punição?
-Eu não vou fazer nada... Alias a única coisa que eu vou fazer é dá um jeito nisso que está dentro de mim.
-Bellinha...
-E você vai me ajudar.
-Como?!
-Eu ainda não sei, tenho que pensar, eu sou menor se eu for a qualquer hospital para fazer o aborto entrarão em contato com os meus pais.
-Eu espero que você pense bem... E não cometa a mesma monstruosidade que o Mike fez com você.
-Alice... Espero que você não faça nada e não fale isso para ninguém.
-Contar... Eu não vou, mas ninguém mê de uma arma e me bote na frente daquele filho da puta que eu mato.
-Obrigada Alice.
-Pelo que Bellinha?
-Por estar sempre comigo. -Joguei-me em seus braços agarrando seu pequeno corpo.
-Eu sempre estarei com você.
(...)
-Porque seus olhos estão inchados bebê?-perguntou minha mãe, sentando-se na cama ao meu lado.
-Não sei, deve ser alguma alergia. -respondi.
Depois que Alice foi embora, eu não agüentei a barra e cai num choro compulsivo. A sensação de estar carregando um bebê de um monstro dentro de mim, era horrível, era dez vezes pior que ter sido violentada.
-Hum... Quer que a mamãe traga uma bolsinha de gelo, para você por nos olhos?
-Não precisa mamãe... A senhora esta linda. Posso saber para onde está indo assim?!
-Hum... Vou sair com seu pai. Estou bonita?-levantou dando uma rodada para que eu pudesse ver o seu look.
-Está linda como sempre mãe.
...
Descemos as escadas abraçadas, era tão bom está aconchegada em seus braços, seu cheiro tinha o poder de me acalmar e fazer esquecer, nem que fosse por alguns minutos a catástrofe que o Mike transformou minha vida.
Encontramos meu pai falando ao telefone com a cara nada boa, não sei o porquê, mas meu coração perdeu uma batida.
-O que houve Charlie?-perguntou minha mãe preocupada.
-Rosálie... Perdeu o bebê. -respondeu meu pai, depois que levou o aparelho até a base.
-Meu Deus!-falou minha mãe surpresa levando às mãos a boca.
Aquela noticia pegou a todos nos de surpresa, meus tios estavam tão felizes que seriam pais em poucos meses, toda a família estava voltada para o novo Cullen. A vida chega a ser irônica, um filho desejado e amado morre enquanto outro bebê indesejado e repulsivo cresce dentro do meu ventre.
-Renée, vamos para Forks?A mamãe está arrasada, imagina o pobre do meu irmão.
-Claro Charlie... Imagino como a Rose está se sentido, ela já estava com seis meses o que pode ter acontecido?
-Eu não sei, mas estão todos péssimos.
Sentei no sofá observando a conversa dos dois.
-Você vai ficar bem?!-perguntou a minha mãe sentando-se ao meu lado, segurando minha mão.
Assenti. Eu não conseguia assimilar as coisas, eram informações demais, e nenhuma delas agradável.
-Vamos Renée... Bella assim que o Edward chegar você conta o que aconteceu... Cuide-se meu anjo.
Cada um deu-me um beijo em minha testa, meu coração estava tão apertado ao ver meus pais se despedido de mim.
-Mãe... Pai.
Os dois pararam e olharam em minha direção. Levantei-me do sofá e segui em direção a eles.
-Eu amo vocês. -não sei por que, mas aquelas palavras deveriam ser ditas.
-Oh bebê, nós também amamos você.
Abraçaram-me e partiram de mãos dadas até o carro.
...
Assim que o Edward chegou contei o acontecido obvio que ele ficou muito triste, do mesmo jeito que ficamos.
Ambos subimos para nossos quartos, assim que entrei no meu encontrei o meu celular piscando na escrivaninha ao lado da cama, o peguei e deitei, nos últimos dias era apenas isso que o meu corpo pedia cama.
Ao olhar o visor havia uma cartinha, abri a caixa de mensagem.
"Não preciso me drogar para ser um gênio;
Não preciso ser um gênio para ser humano;
“Mas, preciso do seu sorriso para ser feliz.”
Essa frase quem escreveu foi o Charles Chaplin, mas eu estou mandando p/ vc saber o qnt eu te amo amiga, sempre estarei contigo.
Da sua amiga Alice B.
Eu chorava e ria ao mesmo tempo, Alice sempre Alice.
-Posso entrar?-perguntou Edward da porta.
-Claro que pode.
-Não quero ficar sozinho, estou sem sono, minha sobrinha poderia me dar à honra de sua companhia?-perguntou já sentado ao meu lado.
-Hum... Claro. -falei ajeitando-me para dar mais espaço para ele.
Levantou-se da cama e foi até a estante procurando um filme qualquer.
-Que tal assistirmos ‘’Antes que Termine o Dia’’?
-Ótimo. -quando ele virou as costas para por o filme fiz uma careta.
Sempre chorava assistindo ‘’Antes que Termine o Dia’’ com certeza pagaria mico novamente, já que pagava sempre com o Jacob e Alice.
-Droga. -bati a mão na testa.
-O que foi?!-perguntou meu tio franzindo o cenho.
-Esqueci de ligar para o Jacob.
-Ah... Se quiser que eu saia para você poder falar com ele a vontade...
-Não. Depois eu ligo.
Não conseguia controlar as lágrimas, o casal lindo feliz e apaixonado de repente uma fatalidade.
-Bella você esta chorando?!-estávamos deitados, ele virou-se para me olhar.
-Não. -passei as mãos no rosto para limpa-las.
-Shi... Você está chorando pelo filme, é muito bonito mesmo.
Seus olhos encontram os meus, seus orbes brilhavam em minha direção.
Primeiro com muita delicadeza ele passou os dedos languidamente sobre as marcas do meu choro.
As lágrimas começaram a cair torrencialmente não só pelo filme como por tudo que estava acontecendo em minha vida.
-Eu estou aqui menina. -falou Edward sorrindo para mim.
Em um gesto inocente, ele começou a beijar minha testa, meus olhos, meu nariz, para acalmar-me.
Seus dedos começaram a tracejar linhas imaginarias em minha pele, o mesmo eu comecei a fazer com o seu rosto.
Segurou em meus cabelos passando o nariz pela minha face.
-Seu cheiro me deixa insano menina. –falou baixo e rouco.
Passou a língua entre os lábios, seu hálito quente e ao mesmo tempo fresco inflamou minhas narinas.
Nossos lábios foram se encostando, até que o beijei. Olhou-me assustado, mas depois cedeu, começou um beijo tímido, tépido, um degustando o sabor do outro, Edward infiltrou sua língua macia na minha boca e eu prontamente recebi.
Nossas línguas avidas se deparavam em uma dança erótica, as mãos afoitas de Edward deslizavam pelos meus braços e quadris enquanto as minhas mãos infiltravam-se em seus cabelos.
O telefone tocou alto nos fazendo separar ofegantes e confusos. Edward estendeu o braço pegando o aparelho.
-Alô.
-Sim... É da casa do chefe Cullen sim é o irmão dele Edward Cullen... Por quê?
Houve um silencio torturante da parte do Edward. Sentou-se ficando com as costas na cabeceira.
Meu coração não cabia mais em mim diante do medo por aquela ligação. Em questão de minutos o rosto do meu tio perdeu a cor.
-Eu não acredito no que está acontecendo... Como foi?-sua voz estava embargada.
-Foram meus pais?!-perguntei exasperada, mas não queria saber, por que no fundo eu já sabia a resposta.
Mais silêncio. Aquilo era torturante.
Desligou o telefone sem dizer uma só palavra, ficando de cabeça baixa.
-EDWARD...
Havia um nó em minha garganta, não estava conseguido falar, apenas chorava.
-Bella... O carro capotou... Eu tenho que ir para o hospital agora.
-Edward... Por Deus apenas me diz que meus pais estão vivos.
Ajoelhou-se a minha frente segurando o meu rosto.
-Eu queria muito meu anjo poder dizer que eles estão bem... Mas eu não sei.
-Tio... Eu vou também.
-Bella... Tudo bem preciso pegar alguns documentos e ligar para algumas pessoas te espero lá embaixo.
Comecei a rezar baixinho enquanto vestia-me.
-Deus... Não faz isso comigo, preciso dos meus pais, eles são tudo o que eu tenho... Precisei do senhor quando aquele monstro me violentou e o senhor não atendeu o meu pedido... Agora eu te imploro, não tira os meus pais de mim.
Rumei em direção ao destino que me foi imposto, querendo ou não eu já sabia a resposta.
Estava sozinha dali em diante.
Olá! estou acompanhado a sua fic pelo Nyah tbm... tá de parabéns! muito boa mesmo... estou ansciosa pelos próximos cap... por favor não demore para postar... beijos.. e sucesso.
ResponderExcluir